Ao de Leoni, 40 dias no espaço. 


"(...) E quando um rapaz e uma moça dessas se encontram,
 seja por um momento ou por horas, tanto faz,
mas por algum motivo, não importa,
 eles não querem se separar..."
(Caio Fernando de Abreu)

Por que ela se apaixonou por ele? Perguntava-se sempre. Bem, ele era bonito. Não! Mais que isso. Era lindo! E tinha o sorriso mais claro que um dia ela já tivesse visto. Poderia ter sido pela beleza aberta, displicente e leve que ele tinha, ou pelo riso fácil, ou pelo jeito gostoso de menino que corre pro mar e se encharca de sonhos, gargalha por nada, e faz do nada o seu tudo, se lambuza do mundo! É... poderia ter sido por todas essas coisas, e talvez tenha mesmo! Mas, havia ainda aquele olhar... E o jeito como ele a olhou naquele primeiro instante... Ele a trouxe inteira pra dentro daquele olhar... Olhar doce de mistério e magia. De um desejo confesso. Sem disfarces! Ela não nega, se entrega! Mas, não era só isso, havia algo mais... Um misto de pecado e ternura, mansidão e loucura. E não foi, (ela jura!) pelo modo como ele a puxou pela cintura, a trouxe para o seu cheiro e sussurrou ao seu ouvido palavras úmidas de amor. Jura também, que não foi pelos corpos colados, e as mãos dele deslizando pela fendas da sua alma e vestido, e o calor da pele-poro-pêlo-arrepio. Ou porque se apagaram todos os medos e estrelas se incendiaram num céu aberto de possibilidades (infindáveis e todas). Ou pelas borboletas no estômago,  sinos tocando no momento do beijo, o frio na barriga, o coração disparado, as mãos suadas e as pernas bambas,  todos esses clichês e tantos outros que não me ocorrem agora...,  todas essas obviedades próprias de um instante como esse, em que a gente fecha os olhos bem forte e pede baixinho pra que não acabe nunca mais. Mas, ainda assim, talvez não tenha sido por tudo isso (não só...). Não só pela forma como ele a amou  naquela noite ( louco e manso, safado e santo...).  Não só pela noite maravilhosa e por todas as outras que se seguiram (puro poema). Mas, pela manhã seguinte em que ele a envolveu nos seus braços, e o mundo coube todo ali dentro da  ternura daquele abraço. Por isso, por tudo e por mais! Por todas as manhãs em que ele sorrindo lhe traz o sol de presente e a olha demorado e fundo, como “naquele primeiro segundo daquele primeiro instante”, e ela ainda se vê lá, no fundo daquele olhar...
Texto da Cris, mas que poderia ser meu, porque define tudo que eu sinto,(senti) por você. 

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Tami

 
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